Turismo Pedagógico, enquanto utilização organizada dos recursos naturais, paisagísticos, etnográficos, museológicos, literários, artísticos, arquitectónicos, funcionais, patrimoniais e imateriais (festas, tradição oral, criação humana) para reforço da educação do indivíduo, em contexto escolar ou não, deve ser entendido como factor de desenvolvimento e promoção de Tomar convergente com o Turismo Cultural e o Turismo de Natureza.
Turismo Pedagógico é o proporcionar, de forma concertada a vários níveis (disponibilização do objecto a conhecer, acolhimento, informação e aferição do conhecimento obtido), do acesso aos recursos potencialmente educativos.
Um rio é indutor do Turismo Pedagógico? Sim. E em termos ambientais e civilizacionais. Por exemplo: o Nabão, se apresentado às escolas, ou às pessoas a título pessoal, como factor de desenvolvimento desde a fixação humana, passando pelo aproveitamento hidroagrícola, hidromecânico (rodas, açudes, azenhas, moinhos, fábricas) medieval até ao hidroeléctrico do século XX, pelo contributo do Aqueduto dos Pegões, e chegando aos mais actuais conceitos de fruição, lazer, saúde e bem-estar.
Como? Visitas orientadas ou com informação prévia, promoção desse serviço educativo às escolas do nosso país, edição de materiais de apoio. O Convento de Cristo? Obviamente. Mas… o Convento não é Turismo Cultural? Claro. Mas é também pedagógico se se for mais longe do que apenas pensar em monumento e serviços educativos que esperam que lhes cheguem as visitas de estudo.
O Poder Municipal passaria a ter aqui um papel de divulgação e promoção desse Bem na perspectiva não apenas do monumento mas do seu contributo para Tomar, articulando com outros recursos locais. E o Centro Histórico? Tal como o Convento! Trata-se do mesmo conceito de intervenção. A Mata dos Sete Montes? Falta juntar o que já deveria existir (ambiente, circuito de manutenção, …) com o que não existe: um programa de animação regular com caça ao tesouro, encontros com fadas e gnomos, poços e grutas misteriosas, casas nas árvores, inventário das espécies vegetais para trabalho escolar...
Turismo Cultural e Turismo de Natureza são Turismo Pedagógico se a organização (pública, privada ou público-privada), apresentação e acolhimento forem pensados articuladamente. A Universidade Sénior pode potenciar o Turismo Pedagógico? Absolutamente! Com as suas congéneres de outras cidades, organizando “cursos de um dia”, por exemplo, para outros formandos. Ou de dois, com organização de alojamento e refeições para fim-de-semana, com o apoio das respectivas autarquias. O valor acrescentado está na forma como se recebem os visitantes e na forma e contexto em que se apresentam as ofertas aos potenciais visitantes.
Em Turismo Pedagógico, o objecto do conhecimento é a causa concreta da visita: “Vamos organizar-nos para ir a Tomar porque está lá aquilo que é preciso ver.” E nós, por cá, teremos que encontrar novas formas de recepção. Tomar tem que informar que está em condições de acolher diariamente grupos de visitantes, de escolas ou de outros locais, com ofertas diversificadas e devidamente apoiadas.
Com facilidade será possível criar um “campo arqueológico pedagógico” para crianças e jovens: as situações de “escavação”, limpeza de “peças arqueológicas achadas”, classificação e exposição pode aumentar a curiosidade pela Arqueologia, promover o interesse pela História, ajudar a perceber onde se vive, respeitar o trabalho e o património real, funcionar como ocupação de tempo livre, servir as escolas de Tomar, atrair escolas de outros locais.
Campo arqueológico pedagógico em Allonnes (Le Mans), França (vista parcial).
Aglutinando as competências e os recursos dos Serviços de Turismo, Educação, Cultura e Animação Cultural da CMT é possível organizar um programa anual multifacetado para “ensinar” Tomar (em acções de meio dia, dia inteiro ou vários dias) a alunos dos 8 aos 80 com intervenção directa nos e a partir dos conteúdos curriculares oficiais ou informais?
Tomar é um verdadeiro parque educativo e temático, se o quisermos. A vantagem deste conceito de Turismo Pedagógico para reforço da oferta em Tomar é a de que basta organizar o que já existe. Um gabinete na Autarquia com recursos humanos cooptados de Serviços adequados é suficiente para começar. Praticamente não é necessário gastar dinheiro no começo. Apenas à medida que a procura o for exigindo. Mas a procura trará os recursos financeiros para voos mais arrojados. Para quê inventar o que não existe quando está por explorar o que temos?
E, claro está, tudo isto gera novos empregos, novos produtos e novos consumidores.
E se é Turismo Pedagógico, funciona apenas em períodos lectivos? Não! O conceito estende-se a todo o ano, mas pode ser ainda potenciado se fizermos convergir outras iniciativas, como sejam, por exemplo, os Campos de Férias.
CAMPOS DE FÉRIAS
Em Abril de 2006, a Assembleia Municipal aprovou por unanimidade uma Proposta do Bloco de Esquerda sobre Campos de Férias que, infelizmente, está por começar a ser pensada na Câmara Municipal. Eis porque o Bloco a retoma e a volta a apresentar enquanto elemento estruturante para o Concelho:
1 – Criação de Campos de Férias residenciais susceptíveis de acolher jovens de outros pontos do país e do estrangeiro, salvaguardando desde logo uma quota para residentes no Concelho.
2 – Definição das actividades por áreas de intervenção, temáticas ou generalistas (Desporto, Música, Artes Plásticas, Teatro, Acampamento) monitorizadas por Associações e Clubes locais.
3 – Concretização destes campos com a intervenção de Mecenas e outros (Ministérios – ou Secretarias de Estado – da Educação, Cultura, Desporto e Juventude, Emprego e Segurança Social).
4 – Possibilidade de participação nestes campos de férias de jovens do Concelho oriundos de famílias de menores recursos financeiros em condições de apoio especiais.
5 – Criação de quotas em todos os programas para filhos de cidadãos tomarenses emigrados.
6 – Divulgação deste programa em cidades com afinidades histórico-culturais com Tomar (Viseu ou Santarém, por exemplo), laços de cooperação, como a Rede Europeia das Cidades dos Descobrimentos (Lamego, Castelo Branco, Coimbra, Porto, Lagos, Lisboa, entre outras) ou as Associações de Municípios da Ordem de Cister e com Centro Histórico.
7 – Promoção deste programa em cidades com que Tomar mantém geminações (Haddera, Vincennes), actividade anterior, como a Rede Europeia das Cidades dos Descobrimentos (com cidades em Espanha, Bélgica, Itália e Holanda), Pontedera e Pisa (Festival Sete Sóis Sete Luas), Galway (Irlanda, Rede das Cidades Médias Europeias) e com as cidades do Projecto Les Fêtes du Soleil (Siena em Itália, Beersheva em Israel, Le Kef na Tunísia, ilha de Gozo – Malta e Versailles).
8 – Criação, com os responsáveis políticos das cidades referidas, de condições para que jovens tomarenses, ou filhos de tomarenses emigrados, possam aí ter acesso a programas similares.
9 – Lançamento do programa de férias “A minha família é a tua família, a tua família é a minha família”, criando uma rede recíproca de famílias acolhedoras de jovens de outros países.
10 – Criação de um projecto paralelo de promoção de Tomar junto das outras cidades a par do projecto de divulgação dos dois anteriores: Campos de Férias e Famílias Acolhedoras.